Análise do Livro - Discurso do Método de René Descartes


O Discurso do Método, ou Discours de La Methode (título original), de René Descartes (1), trata-se de um livro ou para muitos considerado um tratado, que tem um caudal matemático e filosófico, encontra-se dividido em 6 partes.

Sendo a primeira, a que o autor tece várias considerações sobre a ciência, bem como a educação, e as disciplinas que se davam (não muito diferente de hoje em dia), dos livros que teve oportunidade de ler, daquilo que estudou e daquilo que aprendeu. Embora se tenha enfadado com tudo aquilo, e preferiu procurar o conhecimento por si mesmo, tendo começado a viajar, após abandonar os estudos.

A segunda parte, são as regras principais sobre a parte prática da ciência, onde tentou entender a diferença entre o que é verdadeiro e o que é falso. Trazendo o homem ao bom senso e a respeitar as coisas deste mundo, entendendo que somos como um edifício que é projectado desde a infância por muitos arquitectos que nos tentam moldar.
Criou 4 preceitos lógicos, sendo eles:

  1. Jamais acolher alguma coisa como verdadeira, onde não se conheça evidentemente como tal, para evitar a precipitação e assim prevenir-se;
  2. Dividir cada uma das dificuldades ao examinar quantas são as parcelas possíveis e quantas são necessárias para melhor as resolver;
  3. Conduzir pela ordem dos pensamentos, começando pelos objectos que são mais fáceis e simples de se conhecer, para assim subir degrau a degrau, até ao conhecimento dos mais compostos;
  4. Fazer a enumeração mais completa possível e rever todas as certezas e todos os preceitos, revendo se tudo o que lhe ensinaram era verdade, assim ser-lhe-ia mais fácil rejeitar todas as opiniões ouvidas, podendo ou não mais à frente as readmitir. 
A terceira parte, menciona essencialmente a moral, onde formou as suas máximas, para lhe ser possível reconstruir o seu próprio juízo, retirando assim qualquer incerteza, velhas opiniões ou crenças em que já não acredita. 
Dividiu-as da seguinte maneira:
  1. Obedecer às leis e aos costumes do seu país, retendo de forma constante a religião em que Deus lhe condedeu a graça de ser instruído desde infância;
  2. Ser o mais firme e resoluto possível;
  3. Procurar vencer-se a si mesmo;
  4. Procurar a escolha melhor.
A quarta parte, menciona essencialmente as provas da existência de Deus e da alma humana, juntamente com os seus fundamentos na metafísica. Onde fala de razões e provas que Deus existe. Daí a célebre observação "Penso, logo existo". Concluindo que o que é mais perfeito, não pode ser consequência do que é menos perfeito, por sua vez, existe em nós uma natureza perfeita, e bem mais perfeita do que nós, a tal razão de que existe um ser acima de nós, neste caso Deus que é perfeito. 
Citação:
«(...)é para mim tão certo que Deus, que é esse ser perfeito, é ou existe, quão certa poderia ser qualquer demonstração da geometria.»

A quinta parte, o autor faz algumas aplicações do método e coloca questões físicas relativas à medicina, como da alma humana. Referenciando até de forma minuciosa a descrição do coração e da circulação do sangue no corpo humano.

Na sexta parte, as razões que o levaram a escrever tal tratado/livro, e as razões em porque acredita que seria um bem essencial o progresso do conhecimento. Concluindo que o universo consiste de duas diferentes substâncias:
  • As mentes e substâncias pensantes
  • A matéria
Acaba por ser um livro que pode deixar a pensar e mesmo até, podemos entender os pontos que são mencionados, alguns que nós mesmos já pensamos, outras interrogações que tínhamos, quiçá sejam esclarecidas agora, e acaba por ser um livro bastante interessante de ser lido.

(1) - René Descartes, nascido em La Haye en Touraine (hoje em dia chama-se Descartes), teve como principais interesses a metafísica, epistemologia, ciência e matemática, é considerado para muitos um filósofo moderno, cartesianista, racionalista, fundacionalista, estudou bastante o corpo e a alma, bem como a moral, as dúvidas que existiam, algumas das obras:
  • Regras para a direcção do espírito (1682)
  • Geometria (1637)
  • As Paixões da Alma (1649)


Comentários

  1. Excelente e Prática análise a este livro! Critica Construtiva e Bem Legível a Todos (as)! Meus Sinceros Parabéns!

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    1. Agradeço-lhe o feedback e ainda bem que foi útil a análise do livro.

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