Liberdade


Esta publicação será uma ponderação para vós, os leitores, assim como uma retórica, relativamente ao que é Liberdade, ao que é a vossa Liberdade e ao nosso 25 de Abril, se o dia 26 dos dias de hoje é algo apenas teórico ou se existe na prática Liberdade.

Não farei comparações entre o tempo de ditadura e o actual, lógico que nenhum país em ditadura e opressão e desigualdade funciona ou é legítimo de ser louvado, logo então é desnecessário uma comparação dessas, até pelos que lutaram tanto pelo fim da nossa ditadura, assim como todos e todas que lutaram noutros países para terminar com as suas ditaduras, não é o melhor sistema político, especialmente quando envolve opressão e agressão.

Assim sendo primeiro o conceito de Liberdade, o que é?

Variando um pouco deriva do grego "eleutheria", que significa liberdade de movimento, onde o corpo tem a capacidade e opção de se movimentar sem nenhuma restrição, havendo ausência de limitações físicas, isto no grego.

Em alemão, a palavra é "freiheit", que deu origem ao "freedom" inglês, que em alemão tem um significado de "pescoço livre", significando que estaria solto ou livre de correntes e aprisionamento (escravatura). Seria então uma palavra contra a escravatura.

Já em latim, a palavra deriva de "libertas", significando independência, acabando por ser a mais abrangente, demonstrando que ser "libertas" é o oposto de dependente, sendo que "dependere" em latim significa estar preso a algo, estar pendurado, pender de algo ou alguém.


Estas três palavras: "eleutheria; freiheit; libertas" significam que há uma liberdade externa, sem obstáculos físicos. 
Actualmente a palavra liberdade assume outros campos mais amplos, como liberdade interna, por exemplo psicológicos, passando eles por obstáculos emocionais, sentimentais, de expressão. 


Então o que é Liberdade?

Acaba por ser uma sensação, assim como um percurso durante a vida, que vai sendo construído e aperfeiçoado a cada dia que passa, podendo amadurecer de diferente maneira em cada um.

É algo que se constrói, tanto internamente como exteriormente, que dará uma sensação interna de alegria e vivacidade e sentido de compromisso como realização, por exemplo cumprindo sonhos. Apesar da liberdade externa seja importante, a interna é cada vez mais importante, ajuda na resiliência da própria pessoa.




Assim sendo, o dia 26 de Abril, após o 25 de Abril de 1974, até aos dias de hoje, o que trouxe de diferença, o que trouxe de benéfico e alguns dos malefícios de quem teve no poleiro e foi estragando essa utópica ideia de liberdade.

Alguns dos Benefícios:

  • Mulheres deixarem de ser vistas apenas como mulher da casa;
  • Mulheres passarem a ter cargos iguais a homens;
  • Início do salário mínimo e o aumento do mesmo (não significa que o actual seja fantástico, comparativamente aos restantes países da União Europeia);
  • O lápis da censura inicialmente deixou de existir (não significa que actualmente não existam outros tipos de lápis);
  • Leis foram alteradas e revistas, para teoricamente serem melhores para qualquer cidadão;
  • O país desenvolveu, visto que estava numa dificuldade económica enorme, especialmente de disparidade entre classes;
  • Teoricamente passou a haver mais empregos e ofertas de emprego;
  • Passou a haver eleições livres e igual para todos, bastando ter 18 anos, coisa que anteriormente a mulher não podia, se não tivesse o secundário;
  • Deixou de haver 4 anos de tropa obrigatório, para questões de colónias;
  • Em teoria deixou de existir a PIDE onde além de apoiantes do regime, eram os mesmos que faziam desaparecer pessoas e denunciavam tudo quanto fosse anti-regime;
  • As mulheres passaram a poder ir ao estrangeiro, sem autorização dos maridos por escrito;
  • Em teoria passou a existir subsídios de vários géneros, inclusive de férias, e direito a um mês de férias (estranhamente passado mais de 40 anos, há quem ainda não tenha tido direito sequer a 1 mês de férias);
  • Houve melhor liberdade de escrita, onde vários autores de livros, puderam ver os seus livros finalmente publicados, sem censura;
  • O país modernizou-se;
  • O país passou a conhecer produtos que outrora não conhecia;
  • Começaram a entrar várias marcas cá em Portugal que nunca se tinha conhecido antes;
  • Uma enorme revolução dos transportes (no que toca a poluição, ainda tem muito para progredir)...

Infelizmente há o lado utópico de algo que foi em prol da população e do fim da ditadura:
  • Em teoria vivemos numa democracia, onde de facto podemos votar livremente, coisa que não se podia, contudo grande parte da população vota pela cor da gravata e pelo discurso politicamente correcto e bonito, e não pelos programas, que também infelizmente não o cumprem, desde o início, daí que todos prometem e poucos cumprem;
  • O salário mínimo continua a ser triste, em relação a outros países da União Europeia, e pouco mais (por vezes) dá para o sustento de uma vida normal, sem grandes abusos ou extravagancias;
  • Com a liberdade de créditos bancários que outrora não existiam, as pessoas vivem a ilusão de que têm dinheiro literalmente infinito, esquecendo que ficam grande parte da vida a pagar aos credores e bancos, hipotecando a sua vida e a dos filhos (embora legalmente, não passe directamente para os filhos, a não ser que os mesmos aceitem herdar algo dos pais);
  • Apesar de muita oferta de emprego, a maioria é fraudulenta, ou são estágios para que o estado pague cota parte, ou são trabalhos precários de horas excessivas de trabalho, ou são sujeitos a pressão e stress constante por um patrão idóneo, ou são ofertas fictícias (especialmente as que dizem oferecer tudo fantástico), onde as pessoas inocentemente dão os seus contactos para algo que nem existe, por sua vez começam a receber chamadas de 'spam' de empresas de marketing ou de venda de seguros e créditos;
  • Continua a haver desigualdade salarial;
  • Com tanta "liberdade", muitos começaram a praticar libertinagem;
  • O povo e população cada vez mais estão desunidos (por muito que combinem por Facebook);
  • Antigamente se calhar conheciam-se os vizinhos, actualmente é pouco mais que bom dia e boa tarde;
  • Ainda existe censura jornalística, tanto é que se não tem uma empresa própria de jornalismo ou de publicidade ou marketing, cá em Portugal, passa por vários editores e todos eles se não lhes for conveniente aos outros tachos e aos outros manda chuvas deles, cortam grande parte do texto e quem dá a cara é aquele que está a receber um salário mínimo ou a estagiar;
  • Cada vez mais há mais licenciados, a trabalhar como caixa de supermercado ou trabalhos que não seriam o sonho de quem estudou vários anos ou simplesmente estão desempregados ou têm de emigrar;
  • Cada vez mais há mais licenciados, que continuam a escrever os erros de primária, coisas como "puzeste, quizeres, poderes quando seria puderes e vice-versa...", alguns chegam a directores e estão em altos cargos, para ser mais ridículo, alguns até trabalham no Ministério da Cultura e outros dão aulas de português ou literatura;
  • O comércio apesar da grande expansão que teve, continua a existir com disparidades de preços, onde o teoricamente saudável é caro e o que teoricamente faz mal à saúde é barato;
  • Os impostos tendencialmente aumentam, infelizmente quem já pouco tem para pagar, ainda paga mais, mesmo que não tenha;
  • Os políticos governam-se a si e aos seus interesses pessoais e de quem os coloca lá (não, não é apenas a população com o seu 'voto', há demasiados interesses, inclusive maçonaria), e não governam os interesses dos seus eleitores e da sua população;
  • O desemprego continua a aumentar, apesar dos números fictícios que por vezes dão-se a conhecer, até porque nem sempre se está inscrito no centro de emprego...

Agora a retórica que vos deixo, para quem leu até ao final, é a seguinte:
A Liberdade é uma Utopia?


Um Bem-Haja!

Luís Costa

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